Em um mundo dezenas de filmes de zumbis, onde o horror e a ação predominam, o filme australiano "Cargo" de 2017 se destaca como uma refrescante reimaginação do gênero. Dirigido por Ben Howling e Yolanda Ramke e estrelado por Martin Freeman, "Cargo" traz uma narrativa que vai além do apocalipse zumbi típico para explorar a profundidade das relações humanas e os temas de sacrifício, cultura e sobrevivência.
Este filme não só captura a luta por sobrevivência em um cenário desolado, mas também tece questões de responsabilidade paternal e respeito cultural em seu enredo, oferecendo um olhar mais humano e emocionante sobre o apocalipse.
Se você já ouviu falar no filme, mas não sabe ainda se deve dar uma chance ao longa apocalíptico, me acompanhe neste texto que tenho certeza que você irá se surpreender. Boa leitura!
"Cargo" é um filme de drama e terror pós-apocalíptico dirigido por Ben Howling e Yolanda Ramke. A trama gira em torno de Andy, interpretado por Martin Freeman, um pai presente numa Austrália rural devastada por uma pandemia viral que transforma os infectados em zumbis vorazes.
Após ser infectado, Andy tem apenas 48 horas antes de sucumbir à doença, e ele usa esse tempo para encontrar um lugar seguro para sua filha bebê, Rosie. Durante sua jornada desesperada, ele encontra Thoomi, uma jovem aborígene que também está tentando salvar seu pai da infecção.
O filme utiliza o vasto e isolado cenário australiano para
amplificar a sensação de desolação e urgência, proporcionando um pano de fundo sombrio e intenso para a narrativa de sobrevivência.
O filme explora temas como a paternidade, sacrifício e a busca pela redenção. Andy, embora enfrente seu inevitável destino, é impulsionado pelo amor incondicional por sua filha e pelo desejo de deixá-la em segurança.
O filme também aborda a questão da marginalização dos povos indígenas, especialmente através da personagem Thoomi, que luta para proteger seu pai conforme as tradições de sua comunidade, mesmo em face da rejeição de outros membros de seu grupo.
Este tema é tratado com sensibilidade, destacando a
importância da preservação cultural e da autonomia em tempos de crise. Além disso, "Cargo" desafia os clichês típicos de filmes de zumbi, concentrando-se mais nas relações humanas e nas escolhas éticas em situações extremas do que na violência e no horror;
Andy é um personagem complexo, cuja determinação é alimentada pela vulnerabilidade e pelo medo de deixar sua filha desamparada. Sua jornada é emocionalmente carregada, tornando-se um estudo de personagem sobre como a paternidade pode motivar até mesmo nas circunstâncias mais terríveis.
Martin Freeman entrega uma atuação contida, mas poderosa, capturando a essência de um homem comum confrontado com um destino extraordinário. Por outro lado, Thoomi representa a resiliência e a sabedoria de sua cultura, desafiando as percepções estereotipadas sobre os povos indígenas e suas crenças.
Juntos, esses personagens demonstram um espectro de emoções humanas e resiliência, proporcionando uma narrativa rica e envolvente.
"Cargo" foi bem recebido pela crítica, particularmente pela capacidade de reinventar o saturado gênero de filmes de zumbis com uma abordagem mais emocional e introspectiva. Martin Freeman foi elogiado por sua atuação, trazendo uma profundidade emocional que é frequentemente ausente em filmes do gênero.
O filme tem um impacto cultural significativo por sua representação respeitosa e autêntica das comunidades indígenas. Ao colocar a jovem Thoomi como uma das protagonistas, "Cargo" não apenas conta uma história de sobrevivência, mas também dialoga sobre a resiliência e a importância cultural dos povos aborígenes na Austrália contemporânea.
Este aspecto do filme foi um ponto de discussão importante, incentivando um debate mais amplo sobre a representação indígena no cinema mainstream.
Comparado a outros filmes do gênero de zumbis, como "Madrugada dos Mortos" ou "Extermínio", "Cargo" se distingue menos pelo horror e mais pelo drama humano.
Enquanto filmes como "Extermínio" também exploram a desumanização e a sobrevivência em um cenário apocalíptico, "Cargo" foca mais na jornada emocional dos seus personagens e nas escolhas éticas em um mundo desmoronando. O elemento de tempo limitado, com a transformação de Andy iminente, adiciona uma tensão que é mais psicológica do que física.
Outra comparação pode ser feita com "A Estrada", um filme baseado no livro de Cormac McCarthy, que também segue um pai tentando proteger seu filho em um mundo pós-apocalíptico. Ambos os filmes compartilham um sentimento palpável de desespero, mas "Cargo" infunde esperança através da relação entre Andy e Thoomi, e a possibilidade de uma nova comunidade que emerge das cinzas do velho mundo.
"Cargo" também pode ser comparado com "Maggie: A Transformação", um filme estrelado por Arnold Schwarzenegger, que igualmente trata da transformação de um familiar em algo inumano, e o sacrifício que um pai está disposto a fazer. Ambos os filmes são notáveis por suas abordagens sombrias e contemplativas de um gênero frequentemente dominado pela ação e pelo gore.
Estas comparações destacam como "Cargo" se insere e, ao mesmo tempo, se destaca no gênero de filmes de zumbis, trazendo uma nova profundidade e sensibilidade ao explorar temas universais de amor, perda e sobrevivência.
"Cargo" prova ser mais do que apenas outro filme de zumbis ao inserir uma história emocionante de paternidade e resiliência humana em meio ao caos. Com performances notáveis e uma direção que enfatiza a emoção tanto quanto a ação, o filme oferece uma visão singular e inovadora que desafia as convenções do gênero.
Através da sua abordagem única e sensível, "Cargo" não apenas entretém, mas também incita reflexões sobre a natureza humana, o valor da cultura e o poder dos laços familiares, mesmo nas circunstâncias mais adversas.
Ao final, o filme deixa um impacto duradouro, lembrando os espectadores de que, em um mundo repleto de destruição, as pequenas histórias de humanidade são o que verdadeiramente ressoam e persistem.
Em "Olhos Mágicos", o terceiro livro do universo pós-apocalíptico "Corpos Amarelos", somos transportados para o início da terrível Peste Dourada através dos olhares de Oliver e Rebeca, dois vizinhos que testemunham o caos desdobrar-se bem diante de seus olhos. Morando no mesmo andar, um de frente para o outro, cada um enfrenta a ameaça crescente de uma maneira única, compartilhando a angústia e o medo que se espalham tão rapidamente quanto a própria doença.
Por meio de uma narrativa que alterna entre os pontos de vista de Oliver e Rebeca, capítulo a capítulo, "Olhos Mágicos" nos oferece um vislumbre íntimo de suas vidas cotidianas, agora interrompidas pelo surgimento dos corpos amarelos. Utilizando-se dos olhos mágicos de suas portas, eles observam, impotentes, a transformação de seus vizinhos e o mundo exterior se desfazendo em caos.
Confinados, mas não derrotados, Oliver e Rebeca formam uma amizade forjada na adversidade. Juntos, enfrentam o dilema de permanecer em segurança nos limites de seus apartamentos ou arriscar tudo ao sair para enfrentar o desconhecido. "Olhos Mágicos" é uma história de sobrevivência, amizade e coragem diante de um mundo transformado, onde a esperança reside nos momentos de humanidade compartilhados atrás de portas fechadas.
Acompanhe Oliver e Rebeca em sua jornada emocionante, enquanto eles decidem se a vida além de suas portas vale o risco de enfrentar os corpos amarelos.
"Olhos Mágicos" está disponível em formato digital e você pode comprá-lo aqui, R$ 0,00 (para assinantes Kindle Unlimited) / R$ 7,90 (para comprar) (os valores podem alterar sem aviso). É uma publicação independente do autor Juliano Loureiro.
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Livros da série Corpos Amarelos
O Voo da Mosca (2025)
Olhos Mágicos (2024)
Passagem (2023)
Terraço (2023)
Os Corpos Amarelos são criaturas infectadas que um dia foram saudáveis humanos. Apresentando pele amarelada e ressecada, frequentemente exibindo vísceras e órgãos internos expostos, sua aparência pútrida oculta as inúmeras limitações desses seres, que podem adotar comportamentos variados.
Embora o número exato de variantes dos Corpos Amarelos seja desconhecido, fica claro que eles passaram por diversas mutações. Desde os inativos, lembrando um eterno estado de coma, até os "quase-comuns", seres que exibem certo grau de cognição.
A disseminação da infecção permanece envolta em mistério, seja através da inalação de um pó amarelo ainda não identificado, ou do contato direto entre o corpo pútrido e um ser humano saudável.
Numa manhã de sábado, uma densa névoa de poeira varreu os céus de Belo Horizonte, trazendo consigo um agente microscópico que selaria o destino da humanidade.
Em questão de instantes, milhares de pessoas foram infectadas, dando início a uma batalha desesperada pela sobrevivência contra os poucos que ainda não haviam sido afetados.
Tudo se desenrolou num piscar de olhos. Um dia ensolarado, acompanhado por uma brisa fresca no inverno da cidade, parecia perfeitamente comum. Mas o que se seguiu transformou essa tranquilidade em um pesadelo sem precedentes.
Cadáveres jaziam espalhados pelas ruas, enquanto os sobreviventes corriam em desespero em todas as direções. Hospitais sobrecarregados lutavam para lidar com a crise, supermercados eram saqueados e atos horrendos eram perpetrados em plena luz do dia.
O mistério pairava no ar, sem que ninguém soubesse a verdade. Teorias brotavam, alimentadas pela imaginação dos radialistas. Em questão de horas, serviços essenciais, como energia e comunicação, começaram a demonstrar sinais de instabilidade.
Pouco a pouco, os corpos amarelos passaram a dominar a cidade, enquanto os poucos sobreviventes humanos lutavam para decifrar a situação terrível que se desenrolava e buscavam desesperadamente uma saída.
"O Voo da Mosca" está disponível para e-book (Amazon Kindle) e também na versão impressa (Clube de Autores). Clique no botão abaixo correspondente à versão desejada.
Gabriel Caetano
"É sempre legal ver obras que quebram a mesmice e provam que podem sair da fórmula padrão. E é isso que esse conto me mostrou, pois em vez de focar só no apocalipse e nos zumbis, se aprofunda mais na psiquê humana e sobre o estado psicológico do protagonista enquanto enfrenta o caos, coisa que não acontece nas grandes mídias, onde os protagonistas geralmente aceitam a nova realidade em questão de poucos dias".
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Aelita Lear
"O que resta da humanidade? Com esse questionamento, somos colocados em um universo distópico rodeado por corpos amarelos e poucos humanos que lutam pela sobrevivência. Neste livro, somos levados e quase que obrigados a sentir as mesmas emoções do personagem principal, que luta contra zumbis amarelos de diferentes contaminações até chegar no Terraço, numa jornada eletrizante e viciante. Terraço é aquele tipo de livro que podemos ler de uma vez só, de tão envolvente e viciante, principalmente quando terminam os capítulos"
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