Em um cenário literário repleto de distopias e narrativas pós-apocalípticas, "A Menina que Tinha Dons" se destaca como uma joia rara que transcende o gênero a que inicialmente parece pertencer. Escrito por M.R. Carey, este livro é uma obra de ficção científica e terror que oferece uma nova perspectiva sobre o saturado tema dos zumbis.
Lançado em 2014, tem cativado leitores e críticos com sua abordagem inovadora e profundamente humana para questões de sobrevivência, ética e o que significa ser humano em um mundo quebrado. Carey nos apresenta uma história que é tanto uma tensa narrativa de sobrevivência quanto uma meditação sobre a essência da humanidade.
Através dos olhos de sua protagonista, Melanie, uma criança com habilidades extraordinárias, o autor explora temas de amor, perda e esperança em um cenário devastado por uma pandemia causada por um fungo. "A Menina que Tinha Dons" não é apenas um livro sobre zumbis; é uma reflexão sobre a ciência, a moralidade e os laços que nos unem, desafiando os leitores a questionar onde verdadeiramente reside a fronteira entre o humano e o monstro.
No texto de hoje, você conhecerá mais sobre a obra para, no final, decidir se vale a pena ou não investir na obra. Boa leitura!
No coração de "A Menina que Tinha Dons" está Melanie, uma garota especial cuja existência desafia tudo o que restou da humanidade. Em um futuro próximo, a civilização foi arrasada por uma infecção fúngica que transforma suas vítimas em "famintos" — seres sedentos por carne humana, reminiscentes dos zumbis da cultura popular. No entanto, Melanie e um grupo de crianças como ela representam um enigma: apesar de infectadas, possuem a capacidade de pensar e sentir, preservando suas faculdades cognitivas e emocionais.
A história se desenrola em uma base militar no interior da Inglaterra, onde estas crianças são mantidas em cativeiro e estudadas por cientistas em busca de uma cura para a infecção. Entre os personagens centrais estão a professora Helen Justineau, que forma um vínculo especial com Melanie, o Dr. Caroline Caldwell, um cientista determinado a encontrar a cura a qualquer custo, e o sargento Eddie Parks, responsável pela segurança da base.
Quando a base é invadida, Melanie e seus companheiros são forçados a embarcar em uma jornada perigosa, revelando as ruínas da civilização e a natureza da nova ordem mundial. Ao longo do caminho, enfrentam desafios que testam sua humanidade, ética e a capacidade de amar e ser amado, enquanto lutam pela sobrevivência em um mundo hostil.
"A Menina que Tinha Dons" é uma história de despertar e descoberta, que desafia as convenções do gênero de terror e ficção científica. Com uma narrativa cativante e personagens ricamente desenvolvidos, M.R. Carey nos convida a explorar o que realmente significa ser humano em meio à desolação e ao desespero, e como mesmo nas circunstâncias mais sombrias, a esperança e a compaixão podem florescer.
Veja quais são os principais personagens do livro:
A garota é o coração pulsante de "A Menina que Tinha Dons". Inteligente, curiosa e dotada de uma inocência perturbadora, ela representa a esperança em meio ao caos. Sua natureza dupla, tanto vítima quanto potencialmente perigosa, desafia as noções pré-concebidas de humanidade e monstruosidade. Melanie adora sua professora, Helen Justineau, e vê nela um farol de bondade e compaixão em um mundo escuro.
É a
professora dedicada das crianças infectadas. Sua compaixão e empatia por seus alunos, especialmente por Melanie, a colocam em conflito direto com a missão militar e científica da base.
Justineau luta com questões morais sobre como as crianças são tratadas e representa a humanidade em seu estado mais empático e altruísta.
A cientista responsável pela pesquisa em busca de uma cura para a infecção. Impulsionada por um compromisso quase obsessivo com seu trabalho, ela vê Melanie e as outras crianças não como seres humanos, mas como espécimes-chave para a sobrevivência da humanidade. Seu caráter representa o lado frio e calculista da ciência, onde os fins justificam os meios.
Líder militar da base, encarregado de sua segurança. Inicialmente apresentado como um personagem duro e pragmático, sua complexidade é revelada ao longo da história, mostrando-se um homem marcado pelas dificuldades de liderar em tempos de crise. Parks personifica o conflito entre o dever militar e a moral pessoal.
"A Menina que Tinha Dons" explora profundamente o que significa ser humano. Através das interações entre humanos e infectados, o livro questiona se a humanidade é definida pela biologia, pelo comportamento, ou algo mais profundo.
A busca por uma cura para a infecção levanta questões sobre os limites éticos da experimentação científica. O conflito entre o Dr. Caldwell e Helen Justineau destaca o dilema moral entre sacrificar poucos para salvar muitos e a sacralidade da vida individual.
A luta pela sobrevivência em um mundo pós-apocalíptico é um pano de fundo constante. O livro desafia os personagens e os leitores a considerar até que ponto as normas sociais e morais podem e devem ser mantidas quando a sobrevivência está em jogo.
O vínculo entre Melanie e Justineau ilustra o poder do amor e do sacrifício. Suas relações desafiam a noção de "nós contra eles", mostrando que o amor pode transcender barreiras, mesmo em circunstâncias extremas.
Melanie embarca em uma jornada de autodescoberta, confrontando sua natureza e questionando seu lugar no mundo. Este tema é central para o desenvolvimento da trama, à medida que ela visa entender quem ela é além das expectativas e medos dos outros.
"A Menina que Tinha Dons" é uma obra rica e multifacetada que usa sua trama de ficção científica e terror para explorar questões filosóficas e éticas profundas. Os personagens principais são o veículo através do qual esses temas são explorados, cada um representando diferentes aspectos da condição humana e das escolhas morais enfrentadas em tempos de crise.
Desde o seu lançamento, "A Menina que Tinha Dons" foi recebido com aclamação tanto pelo público quanto pela crítica, consolidando-se rapidamente como um marco no gênero de ficção científica e terror. O livro foi elogiado por sua abordagem inovadora e refrescante ao conceito de zumbis, que oferece uma nova dimensão a um tema frequentemente explorado na literatura e no cinema. M.R. Carey foi particularmente aplaudido por sua habilidade em tecer uma narrativa emocionante que também questiona profundamente as questões éticas e morais.
Críticos destacaram a complexidade dos personagens e a profundidade emocional da história, que vai além do mero horror para explorar temas de amor, sacrifício e o que significa ser verdadeiramente humano. A personagem de Melanie, com sua inocência e sabedoria além de sua idade, foi frequentemente citada como um ponto alto do livro, proporcionando uma perspectiva única e cativante.
No entanto, como acontece com qualquer obra, houve algumas críticas. Alguns leitores e críticos apontaram para o ritmo da narrativa em certas partes do livro como sendo lento, enquanto outros argumentaram que alguns elementos da trama eram previsíveis. Apesar dessas críticas menores, o consenso é que "A Menina que Tinha Dons" é uma contribuição valiosa e memorável para o seu gênero.
A adaptação cinematográfica do livro, lançada em 2016, também recebeu atenção significativa, sendo na maioria fiel ao material original e bem-recebida por trazer a história de Melanie para uma nova audiência, embora com inevitáveis comparações entre as duas formas de narrativa.
"A Menina que Tinha Dons" vai muito além de uma simples história de ficção científica ou terror; é uma exploração profunda e perspicaz da condição humana, que desafia os leitores a refletir sobre questões de moralidade, ética e o verdadeiro significado da humanidade. M.R. Carey criou um mundo devastado que, apesar de sua desolação, é repleto de esperança, amor e a busca incansável por redenção.
Este livro é uma leitura obrigatória para aqueles que apreciam narrativas que combinam suspense com reflexões profundas sobre a sociedade, a ciência e os laços emocionais que nos definem. "A Menina que Tinha Dons" não apenas entretém, mas também provoca, fazendo perguntas que ficam com o leitor muito tempo após a última página ter sido virada.
Encorajo todos os leitores do blog a mergulharem na história de Melanie e sua jornada extraordinária. Seja você um fã de longa data de histórias pós-apocalípticas ou alguém procurando por uma narrativa que desafia os limites do gênero, "A Menina que Tinha Dons" promete uma experiência de leitura inesquecível e profundamente humana.
"Passagem" é o segundo livro da série "Corpos Amarelos" e narra a história de dois amigos inseparáveis, que vivem sozinhos desde o início do caos. Eles sempre moraram em enormes prédios abandonados na última área de segurança, localizado no antigo bairro Santo Antônio.
Com o aumento da incidência dos corpos amarelos na região, decidem partir para uma jornada sem destino, em busca de um lugar mais tranquilo. O que eles não esperam é que fora da cidade, os não-vivos seriam ainda mais mortais, obrigando-os a colocar em prática todo o instinto de sobrevivência.
O que seria apenas uma mudança de endereço, provou ser o maior desafio dos amigos, que já não tem mais garantida a sobrevivência. André e Edgard também enfrentam demônios internos e a dura realidade de um mundo despedaçado.
"Passagem" está disponível em formato digital e você pode comprá-lo aqui, R$ 0,00 (para assinantes Kindle Unlimited) / R$ 7,90 (para comprar) (os valores podem alterar sem aviso). É uma publicação independente do autor Juliano Loureiro.
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Livros da série Corpos Amarelos
O Voo da Mosca (2025)
Olhos Mágicos (2024)
Passagem (2023)
Terraço (2023)
Os Corpos Amarelos são criaturas infectadas que um dia foram saudáveis humanos. Apresentando pele amarelada e ressecada, frequentemente exibindo vísceras e órgãos internos expostos, sua aparência pútrida oculta as inúmeras limitações desses seres, que podem adotar comportamentos variados.
Embora o número exato de variantes dos Corpos Amarelos seja desconhecido, fica claro que eles passaram por diversas mutações. Desde os inativos, lembrando um eterno estado de coma, até os "quase-comuns", seres que exibem certo grau de cognição.
A disseminação da infecção permanece envolta em mistério, seja através da inalação de um pó amarelo ainda não identificado, ou do contato direto entre o corpo pútrido e um ser humano saudável.
Numa manhã de sábado, uma densa névoa de poeira varreu os céus de Belo Horizonte, trazendo consigo um agente microscópico que selaria o destino da humanidade.
Em questão de instantes, milhares de pessoas foram infectadas, dando início a uma batalha desesperada pela sobrevivência contra os poucos que ainda não haviam sido afetados.
Tudo se desenrolou num piscar de olhos. Um dia ensolarado, acompanhado por uma brisa fresca no inverno da cidade, parecia perfeitamente comum. Mas o que se seguiu transformou essa tranquilidade em um pesadelo sem precedentes.
Cadáveres jaziam espalhados pelas ruas, enquanto os sobreviventes corriam em desespero em todas as direções. Hospitais sobrecarregados lutavam para lidar com a crise, supermercados eram saqueados e atos horrendos eram perpetrados em plena luz do dia.
O mistério pairava no ar, sem que ninguém soubesse a verdade. Teorias brotavam, alimentadas pela imaginação dos radialistas. Em questão de horas, serviços essenciais, como energia e comunicação, começaram a demonstrar sinais de instabilidade.
Pouco a pouco, os corpos amarelos passaram a dominar a cidade, enquanto os poucos sobreviventes humanos lutavam para decifrar a situação terrível que se desenrolava e buscavam desesperadamente uma saída.
"O Voo da Mosca" está disponível para e-book (Amazon Kindle) e também na versão impressa (Clube de Autores). Clique no botão abaixo correspondente à versão desejada.
Gabriel Caetano
"É sempre legal ver obras que quebram a mesmice e provam que podem sair da fórmula padrão. E é isso que esse conto me mostrou, pois em vez de focar só no apocalipse e nos zumbis, se aprofunda mais na psiquê humana e sobre o estado psicológico do protagonista enquanto enfrenta o caos, coisa que não acontece nas grandes mídias, onde os protagonistas geralmente aceitam a nova realidade em questão de poucos dias".
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Aelita Lear
"O que resta da humanidade? Com esse questionamento, somos colocados em um universo distópico rodeado por corpos amarelos e poucos humanos que lutam pela sobrevivência. Neste livro, somos levados e quase que obrigados a sentir as mesmas emoções do personagem principal, que luta contra zumbis amarelos de diferentes contaminações até chegar no Terraço, numa jornada eletrizante e viciante. Terraço é aquele tipo de livro que podemos ler de uma vez só, de tão envolvente e viciante, principalmente quando terminam os capítulos"
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