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Frankenstein: a jornada de um criador e sua criatura

Juliano Loureiro • 25 de agosto de 2023

"Frankenstein ou o Moderno Prometeu", a obra-prima de Mary Shelley, transcende o tempo e continua a influenciar a cultura popular e a literatura. Publicada pela primeira vez em 1818, esta obra tem sido, ao longo dos anos, um reflexo sobre ciência, ética, criação e responsabilidade. Aqui, exploremos a origem e os temas deste impressionante romance.


Se você gosta deste personagem tão popular e também tem a curiosidade de saber se ele é, ou não, um zumbi, me acompanhe nas próximas linhas. Boa leitura!

Frankestein: a criação de uma obra-prima

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A história de Frankenstein nasceu durante um período de isolamento e reflexão. No verão de 1816, Mary Shelley, com seu futuro marido Percy Bysshe Shelley, Lord Byron e outros amigos, encontravam-se na Suíça. A erupção do Monte Tambora provocou o "ano sem verão", obrigando-os a ficar em ambientes fechados.


Para passar o tempo, Byron propôs que cada um escrevesse uma história de fantasmas. Foi assim que Shelley começou a tecer a narrativa que se tornaria "Frankenstein".

Sobre a autora Mary Shelley

Mary Shelley, nascida Mary Wollstonecraft Godwin em 30 de agosto de 1797, foi uma escritora inglesa, mais conhecida por seu romance gótico, "Frankenstein ou o Moderno Prometeu". Ela nasceu em uma família com pais intelectualmente renomados: sua mãe, Mary Wollstonecraft, foi uma das fundadoras do pensamento feminista, e seu pai, William Godwin, foi um filósofo político radical.

Juventude e educação

Mary Shelley cresceu em um ambiente de intenso estímulo intelectual, rodeada por escritores, filósofos e poetas da época. Após a morte de sua mãe, poucos dias após seu nascimento, ela foi criada por seu pai, que se casou novamente. Mary recebeu uma educação pouco convencional, mas rica em aprendizado, tendo acesso à vasta biblioteca de seu pai.

Família e relacionamento com Percy Shelbey

Aos dezesseis anos, Mary começou um relacionamento com o poeta Percy Bysshe Shelley, que era casado na época. O casal enfrentou a desaprovação da sociedade e, após a rejeição de seus pais, fugiu para a Europa. Eles enfrentaram muitas adversidades, incluindo a morte de sua primeira filha.


Mary e Percy casaram-se oficialmente em 1816, após o suicídio da primeira esposa de Percy. Eles tiveram outros filhos, mas apenas um, Percy Florence, sobreviveu à infância. Percy Bysshe Shelley morreu em 1822, deixando Mary viúva aos 24 anos.


Após a morte de Percy, Mary Shelley dedicou-se à educação de seu filho e à sua carreira literária, escrevendo romances, ensaios, biografias e editando as obras de seu marido. Entre suas outras obras literárias estão "O Último Homem" (1826) e "Lodore" (1835).

Morte e legado

Mary Shelley faleceu em 1º de fevereiro de 1851, aos 53 anos. Ela deixou um legado e "Frankenstein" continua sendo uma das obras literárias mais influentes, abordando questões de ética científica, criação, responsabilidade e a condição humana. O romance é celebrado não só como uma obra-prima da literatura gótica, mas também como um precursor pioneiro da ficção científica, impactando a cultura popular e o debate ético e filosófico até hoje.

O Enredo de Frankenstein

O enredo de "Frankenstein ou o Moderno Prometeu" de Mary Shelley é complexo e multifacetado, empregando uma estrutura narrativa em camadas, que envolve múltiplos pontos de vista e locais variados. Abaixo está um resumo detalhado do enredo:

Estrutura da narrativa

O livro tem uma estrutura enquadrada, começando e terminando com cartas escritas por um explorador ártico chamado Robert Walton, que relata a história de Victor Frankenstein para sua irmã na Inglaterra. Victor, encontrado por Walton no Ártico, conta sua história, e dentro da narrativa de Victor, a Criatura também conta sua própria história.

Início da história

Walton, em sua expedição ao Polo Norte, encontra Victor Frankenstein, um homem à beira da morte, vagando pelo gelo. Walton o resgata, e Victor, percebendo a obsessão de Walton pelo conhecimento, decide contar-lhe sua história como um aviso.



Victor começa descrevendo sua infância em Genebra, Suíça, e sua paixão pela ciência. Ele vai para a universidade em Ingolstadt, Alemanha, onde se dedica ao estudo da química e da alquimia, tornando-se obcecado com a ideia de reanimar os mortos.

A criação da criatura

Victor constrói um ser humano a partir de partes de corpos saqueadas de cemitérios. Quando ele anima a criatura, o resultado é tão horrível que Victor, horrorizado, foge, deixando a criatura à sua própria sorte.

A jornada da criatura

Abandonada e isolada, a criatura aprende a falar e a ler, observando uma família de camponeses. Ele tenta se aproximar dos humanos, mas sua aparência monstruosa provoca apenas medo e rejeição.



A criatura confronta Victor, contando-lhe sobre seu sofrimento e solidão, e pede que ele crie uma companheira para ele. Victor, inicialmente, concorda, mas depois destrói a segunda criatura, temendo que ela e a primeira criatura possam procriar e ameaçar a humanidade.

A vingança da criatura

Em retaliação, a criatura mata o melhor amigo de Victor, Henry Clerval, e depois sua esposa, Elizabeth, no dia do casamento deles. Victor jura vingança e persegue a criatura até o Ártico, onde é encontrado por Walton.

A profundidade de temas de Frankestein

"Frankenstein" não é apenas uma história de terror gótico; é uma exploração profunda de temas como o desejo humano por conhecimento e os limites éticos da ciência e da criação. O romance investiga a responsabilidade do criador e os dilemas morais associados à criação de vida. A obra questiona até que ponto a ciência deve ir para manipular a vida e se o homem tem o direito moral de "brincar de Deus".


Victor Frankenstein representa o arquétipo do cientista obcecado, disposto a transgredir os limites éticos e morais em sua busca pela descoberta. Sua criação, por outro lado, personifica as consequências não intencionais de tais transgressões. A criatura, apesar de sua aparência grotesca, é dotada de sensibilidade, inteligência e um desejo inato por amor e aceitação. Sua rejeição pela sociedade e por seu criador o leva a um caminho de destruição, destacando as ramificações da negligência e abandono.

O Legado de Frankenstein

Frankenstein é um dos primeiros exemplos do gênero de ficção científica, propondo questões sobre o avanço científico e tecnológico e suas implicações morais. A história permeia a cultura popular, com inúmeras adaptações cinematográficas, televisivas e teatrais, refletindo as ansiedades contemporâneas em relação à ciência e tecnologia.


Além disso, "Frankenstein" oferece uma visão fascinante sobre as normas sociais e os valores da época, refletindo as tensões e ansiedades da Revolução Industrial e os debates científicos e filosóficos do início do século XIX. O romance continua a ser uma obra relevante, instigando debates sobre ética científica, responsabilidade e os perigos inerentes à busca incessante pelo conhecimento.

Frankstein pode ser considerado um zumbi?

"Frankenstein" é frequentemente associado à cultura popular que envolve monstros, como zumbis, mas, tecnicamente, a criatura de Frankenstein e um zumbi são conceitos diferentes.

Diferenças entre um zumbi e o Frankstein

Veja abaixo algumas diferenças entre os zumbis tradicionais e o Frankstein

Título Novo

  • Origem e Criação:
  • Criatura de Frankenstein: Ela é criada por Victor Frankenstein a partir de partes de diferentes corpos, reanimada por um processo científico não especificado, envolvendo eletricidade. Ela não é um corpo reanimado de um único indivíduo que voltou da morte.
  • Zumbi: Tradicionalmente, um zumbi é o corpo reanimado de um indivíduo morto, geralmente por meios mágicos ou sobrenaturais, como no vodu, ou por um vírus ou infecção, como retratado em muitas obras modernas.


  • Inteligência e Consciência:
  • Criatura de Frankenstein: A criatura possui inteligência, consciência, e a capacidade de aprender e sentir. Ele aprende a falar, ler, e entender emoções com o desejo de ter companhia e ser amado.
  • Zumbi: Zumbis são geralmente retratados como seres sem consciência, incapazes de pensamento ou razão, e com um desejo insaciável por carne humana.


  • Propósito e Desejos:
  • Criatura de Frankenstein: A criatura busca compreensão, aceitação e vingança contra seu criador por tê-lo abandonado. Ele age com propósito com desejos e necessidades emocionais.
  • Zumbi: Zumbis não têm desejos ou propósitos além do instinto básico de alimentação. Eles não têm desejos emocionais ou necessidades além da fome insaciável.

Considerações

"Frankenstein" é uma obra literária rica e complexa, uma tapeçaria de ideias e emoções que desafiam a percepção da humanidade sobre a criação e a moralidade. É um espelho que reflete nossos medos mais profundos e nossas maiores esperanças. A história de Victor e sua criatura nos obriga a olhar para dentro de nós mesmos e questionar nossos próprios valores, nossos desejos e, finalmente, nosso legado. Em um mundo onde os avanços científicos continuam a desafiar nossas noções de ética e moralidade, "Frankenstein" permanece um lembrete poignante das consequências de nossas ações e da incessante busca pelo conhecimento.

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