O apocalipse zumbi é um terreno fértil para histórias de sobrevivência, mas poucas franquias conseguiram capturar a essência desse gênero tão bem quanto The Walking Dead e The Last of Us.
Ambas apresentam mundos arrasados por catástrofes biológicas, mas suas abordagens são tão distintas que quase parecem pertencer a universos diferentes. Enquanto uma mergulha nos conflitos humanos em um mundo sem lei, a outra se concentra em uma jornada íntima e visceral pela sobrevivência.
Mas qual delas retrata melhor o fim dos tempos? Me acompanhe nas próximas linhas e veja esse paralelo curioso e interessante das franquias recentes de maior sucesso no mundo apocalíptico. Boa leitura.
Em The Walking Dead, o apocalipse chega sem explicações claras. Os mortos voltam à vida, movidos por um instinto canibalístico, e a sociedade desmorona em questão de semanas. Os "caminhantes" são uma ameaça constante, mas o verdadeiro perigo sempre foi os sobreviventes — grupos rivais, líderes tirânicos e as escolhas morais que definem quem merece viver. A série, baseada nos quadrinhos de Robert Kirkman, opta por não se prender à origem do vírus, focando em como a humanidade lida com a perda de tudo o que conhecia.
Já The Last of Us parte de uma premissa mais científica — e perturbadoramente plausível. Um fungo mutante, inspirado no Cordyceps real, transforma pessoas em criaturas agressivas e cada vez mais monstruosas. Diferente dos zumbis tradicionais, os infectados de TLOU evoluem em estágios, desde os Corredores frenéticos até os horrores cegos e fungosos dos Bloats. Esse apocalipse é menos sobre hordas incontáveis e mais sobre o silêncio assustador de cidades abandonadas, onde o perigo pode estar em qualquer sombra.
Uma das maiores diferenças entre as duas franquias está em como retratam a luta pela sobrevivência. The Walking Dead é, em essência, um drama sobre a reconstrução da sociedade. Comunidades fortificadas, como Alexandria e a Cidadela de Negan, mostram que, mesmo no fim do mundo, os humanos repetem os mesmos erros: poder, traição e a eterna pergunta sobre até onde vale a pena ir para proteger os seus.
The Last of Us, por outro lado, é uma narrativa mais contida. Joel e Ellie atravessam um mundo desolado, onde cada encontro com outros sobreviventes é uma roleta-russa — será ajuda ou uma emboscada? A relação entre os dois protagonistas é o coração da história, explorando temas como perda, redenção e o que resta de humanidade quando tudo mais se foi. Enquanto TWD mostra batalhas entre facções, TLOU se aprofunda no custo emocional de viver em um mundo sem esperança.
The Walking Dead constrói um elenco vasto, com figuras icônicas como Rick Grimes, Daryl Dixon e Negan. No entanto, a longevidade da série (11 temporadas!) fez com que alguns arcos se perdessem em repetições ou mortes abruptas. Ainda assim, personagens como Carol — que evolui de uma esposa abusada para uma estrategista implacável — provam que a franquia ainda sabe criar momentos emocionantes.
The Last of Us, por sua vez, apostou em uma abordagem mais focada. Joel e Ellie carregam o peso da narrativa, e cada interação entre eles — seja um momento de vulnerabilidade ou um ato de violência extrema — reforça a complexidade de seu vínculo. Personagens secundários, como Bill e seu parceiro Frank ou a rebelde Tess, têm pouco tempo em cena, mas deixam marcas profundas.
Enquanto TWD espalha seu desenvolvimento por dezenas de personagens, TLOU concentra sua força em poucos — e isso faz toda a diferença.
O apocalipse de The Walking Dead é sujo, caótico e cheio de lembranças de um mundo que não existe mais. Estradas abandonadas, prisões transformadas em fortalezas e cidades tomadas por hordas de zumbis criam uma atmosfera de urgência constante.
The Last of Us, no entanto, opta por uma estética mais poética. As ruínas das cidades são engolidas pela natureza, com edifícios cobertos por musgo e estradas rachadas por raízes. Há uma beleza trágica nessa destruição, como se a Terra estivesse se curando da humanidade. Os jogos, em especial, usam essa ambientação para criar cenários deslumbrantes — e assustadores.
The Walking Dead redefiniu o zumbi na cultura pop, provando que histórias pós-apocalípticas podiam sustentar uma série de TV por mais de uma década. Sua influência é inegável, inspirando desde Fear the Walking Dead até produções como Black Summer.
The Last of Us, por outro lado, elevou a narrativa dos jogos a um patamar cinematográfico. Com a adaptação da HBO, a franquia conquistou até quem nunca jogou, mostrando que histórias de zumbis podem ser tão emocionantes quanto qualquer drama premiado.
No fim, a escolha entre The Walking Dead e The Last of Us depende do que você busca em uma história pós-apocalíptica. Se quer um retrato amplo da humanidade em colapso, com guerras, política e personagens em constante evolução, TWD é a escolha certa. Mas se prefere uma narrativa mais íntima, onde cada decisão tem um peso emocional e o mundo parece tanto assustador quanto belo, TLOU é imbatível.
Ambas são obras-primas do gênero, cada uma à sua maneira. E você, de qual time é?
O Voo da Mosca é uma coletânea de dramas pós-apocalípticos de zumbis que narra cinco histórias distintas ambientadas no mesmo universo, mas em momentos diferentes.
Contos desta coletânea: Puberdade (inédito) - Olhos Mágicos - Passagem - Terraço - Paradigma (inédito)
Nessa obra, os 'corpos amarelos' — como são chamados os seres transformados — não são a maior ameaça. As histórias exploram o entendimento das relações humanas e sociais, laços familiares e afetivos, identitarismo, conflitos, sacrifícios diante de uma nova realidade, traumas e relações de poder.
Em O Voo da Mosca, o leitor será desafiado a refletir sobre o comportamento humano em situações extremas e inesperadas. Cada conto é parte de um quebra-cabeça sombrio, onde os corpos amarelos podem ser o menor dos problemas. Prepare-se para uma leitura visceral, repleta de tensão psicológica e surpresas devastadoras.
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Livros da série Corpos Amarelos
O Voo da Mosca (2025)
Olhos Mágicos (2024)
Passagem (2023)
Terraço (2023)
Os Corpos Amarelos são criaturas infectadas que um dia foram saudáveis humanos. Apresentando pele amarelada e ressecada, frequentemente exibindo vísceras e órgãos internos expostos, sua aparência pútrida oculta as inúmeras limitações desses seres, que podem adotar comportamentos variados.
Embora o número exato de variantes dos Corpos Amarelos seja desconhecido, fica claro que eles passaram por diversas mutações. Desde os inativos, lembrando um eterno estado de coma, até os "quase-comuns", seres que exibem certo grau de cognição.
A disseminação da infecção permanece envolta em mistério, seja através da inalação de um pó amarelo ainda não identificado, ou do contato direto entre o corpo pútrido e um ser humano saudável.
Numa manhã de sábado, uma densa névoa de poeira varreu os céus de Belo Horizonte, trazendo consigo um agente microscópico que selaria o destino da humanidade.
Em questão de instantes, milhares de pessoas foram infectadas, dando início a uma batalha desesperada pela sobrevivência contra os poucos que ainda não haviam sido afetados.
Tudo se desenrolou num piscar de olhos. Um dia ensolarado, acompanhado por uma brisa fresca no inverno da cidade, parecia perfeitamente comum. Mas o que se seguiu transformou essa tranquilidade em um pesadelo sem precedentes.
Cadáveres jaziam espalhados pelas ruas, enquanto os sobreviventes corriam em desespero em todas as direções. Hospitais sobrecarregados lutavam para lidar com a crise, supermercados eram saqueados e atos horrendos eram perpetrados em plena luz do dia.
O mistério pairava no ar, sem que ninguém soubesse a verdade. Teorias brotavam, alimentadas pela imaginação dos radialistas. Em questão de horas, serviços essenciais, como energia e comunicação, começaram a demonstrar sinais de instabilidade.
Pouco a pouco, os corpos amarelos passaram a dominar a cidade, enquanto os poucos sobreviventes humanos lutavam para decifrar a situação terrível que se desenrolava e buscavam desesperadamente uma saída.
"O Voo da Mosca" está disponível para e-book (Amazon Kindle) e também na versão impressa (Clube de Autores). Clique no botão abaixo correspondente à versão desejada.
Gabriel Caetano
"É sempre legal ver obras que quebram a mesmice e provam que podem sair da fórmula padrão. E é isso que esse conto me mostrou, pois em vez de focar só no apocalipse e nos zumbis, se aprofunda mais na psiquê humana e sobre o estado psicológico do protagonista enquanto enfrenta o caos, coisa que não acontece nas grandes mídias, onde os protagonistas geralmente aceitam a nova realidade em questão de poucos dias".
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Aelita Lear
"O que resta da humanidade? Com esse questionamento, somos colocados em um universo distópico rodeado por corpos amarelos e poucos humanos que lutam pela sobrevivência. Neste livro, somos levados e quase que obrigados a sentir as mesmas emoções do personagem principal, que luta contra zumbis amarelos de diferentes contaminações até chegar no Terraço, numa jornada eletrizante e viciante. Terraço é aquele tipo de livro que podemos ler de uma vez só, de tão envolvente e viciante, principalmente quando terminam os capítulos"
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