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Filme "Não Olhe para Cima": sátira apocalíptica que reflete nossa realidade

Juliano Loureiro • 29 de agosto de 2024

O filme Não Olhe para Cima (2021), dirigido por Adam McKay, é uma das sátiras mais ácidas e provocativas dos últimos tempos. Com um elenco de peso, incluindo Leonardo DiCaprio, Jennifer Lawrence, Meryl Streep e Jonah Hill, a trama apresenta uma crítica feroz à nossa sociedade e à maneira como lidamos com crises globais — ou melhor, como não lidamos.


No centro da narrativa estão dois astrônomos, Dr. Randall Mindy (DiCaprio) e Kate Dibiasky (Lawrence), que fazem uma descoberta devastadora: um cometa gigante está em rota de colisão com a Terra e, em cerca de seis meses, irá causar a extinção da vida no planeta.


No texto de hoje, analisaremos detalhes sobre o filme que podem passar desapercebido por boa parte das pessoas. Ficou curioso? Me acompanhe e boa leitura!

Ciência e desespero: a missão impossível de alertar a humanidade

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O ponto de partida da história é uma descoberta científica de extrema importância, mas os astrônomos logo percebem que a parte mais difícil não é encontrar o cometa, e sim convencer as pessoas de que ele representa uma ameaça real.


A forma como a imprensa, o governo e o público respondem a essa notícia é o grande foco da narrativa. É uma crítica clara ao negacionismo científico e à maneira como a mídia transforma questões sérias em entretenimento superficial.


Em um primeiro momento, Randall e Kate procuram o governo dos EUA, liderado pela presidente Janie Orlean (Meryl Streep). Contudo, a resposta da Casa Branca é apática, com mais interesse em proteger a própria imagem política do que em salvar o planeta.


Essa demora, negligência e egoísmo por parte dos líderes globais trazem à tona um paralelo gritante com as crises do mundo real — seja a mudança climática, a pandemia ou outras questões urgentes que muitas vezes são ignoradas até que seja tarde demais.

"Não olhe para cima" e um retrato do negacionismo e do sensacionalismo

Depois de serem ignorados pelo governo, os astrônomos recorrem à mídia, esperando que essa seja uma maneira eficaz de alertar as pessoas. Contudo, ao invés de darem o devido peso à notícia, os apresentadores de programas populares tratam a iminente destruição da Terra como mais um segmento trivial, quase um entretenimento cômico.


Essa abordagem crítica à imprensa reflete como muitas vezes a mídia prefere priorizar manchetes que geram cliques e audiência ao invés de dar atenção a questões graves.


O público, por sua vez, é igualmente cínico ou desinteressado. As redes sociais estão mais focadas em memes, em debates fúteis sobre "olhar ou não olhar para cima" — uma clara referência ao fenômeno das fake news e da polarização social, onde até mesmo fatos científicos se tornam motivo de discussão partidária ou teórica.


Essa representação da alienação coletiva e do desdém pelos problemas reais torna Não Olhe para Cima uma crítica tanto aos políticos quanto à sociedade em geral.

A crítica ao capitalismo e ao poder das grandes corporações

Além de uma crítica à política e à mídia, o filme também ataca diretamente o capitalismo e a ganância das grandes corporações. Um dos personagens centrais nesse aspecto é Peter Isherwell (Mark Rylance), o excêntrico bilionário dono de uma gigante tecnológica, claramente inspirado em figuras como Elon Musk, Jeff Bezos ou Mark Zuckerberg.


Em vez de se preocupar com a salvação da Terra, ele vê o cometa como uma oportunidade de lucro, propondo um plano para fragmentá-lo e extrair seus recursos minerais. A ideia é absurda e arriscada, mas o governo e a sociedade estão tão cegos pela promessa de riqueza que aceitam seguir esse caminho, mesmo sabendo que as chances de fracasso são enormes.


Essa subtrama é um comentário direto sobre como, frequentemente, os interesses econômicos das grandes corporações têm mais influência nas decisões globais do que a própria segurança e bem-estar da população. O filme nos faz questionar até que ponto o mundo está nas mãos de pessoas que preferem lucrar com a destruição iminente, ao invés de evitá-la.

Humor e desespero em um cenário apocalíptico

Apesar do tom pesado e da crítica social, "Não Olhe para Cima" é recheado de humor. A ironia e o sarcasmo são usados habilmente para nos fazer rir e, ao mesmo tempo, refletir sobre o quão ridículas e assustadoras são as situações apresentadas.


McKay utiliza o absurdo da situação — dois cientistas desesperados tentando salvar o mundo enquanto todos ao redor os ignoram ou zombam deles — para nos mostrar o quão absurdo o nosso próprio mundo pode ser.


No fim das contas, o filme nos confronta com uma pergunta importante: se estivermos diante de uma catástrofe iminente, seremos capazes de nos unir para enfrentá-la ou continuaremos a brigar por questões insignificantes, negando a realidade até que seja tarde demais?

Conclusão sobre o filme "Não olhe para cima"

Não Olhe para Cima é uma sátira brilhante que consegue captar o espírito de nossa era — uma era onde a verdade é contestada, o sensacionalismo reina e o egoísmo pessoal frequentemente prevalece sobre o bem comum. É um filme sobre o fim do mundo, mas também sobre a nossa incapacidade de lidar com as crises que nós mesmos criamos.


Ao fim, a mensagem é clara: o cometa pode ser fictício, mas as crises que ele simboliza são muito reais. E se continuarmos a ignorá-las, a tragédia apocalíptica do filme pode não estar tão distante da nossa própria realidade.

Leia "Olhos Mágicos", livro do Universo Corpos Amarelos

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Em "Olhos Mágicos", o terceiro livro do universo pós-apocalíptico "Corpos Amarelos", somos transportados para o início da terrível Peste Dourada através dos olhares de Oliver e Rebeca, dois vizinhos que testemunham o caos desdobrar-se bem diante de seus olhos. Morando no mesmo andar, um de frente para o outro, cada um enfrenta a ameaça crescente de uma maneira única, compartilhando a angústia e o medo que se espalham tão rapidamente quanto a própria doença.


Por meio de uma narrativa que alterna entre os pontos de vista de Oliver e Rebeca, capítulo a capítulo, "Olhos Mágicos" nos oferece um vislumbre íntimo de suas vidas cotidianas, agora interrompidas pelo surgimento dos corpos amarelos. Utilizando-se dos olhos mágicos de suas portas, eles observam, impotentes, a transformação de seus vizinhos e o mundo exterior se desfazendo em caos.


Confinados, mas não derrotados, Oliver e Rebeca formam uma amizade forjada na adversidade. Juntos, enfrentam o dilema de permanecer em segurança nos limites de seus apartamentos ou arriscar tudo ao sair para enfrentar o desconhecido. "Olhos Mágicos" é uma história de sobrevivência, amizade e coragem diante de um mundo transformado, onde a esperança reside nos momentos de humanidade compartilhados atrás de portas fechadas.


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