Quando pensamos em histórias sobre zumbis, imediatamente nos vem à mente cenas de suspense, terror e caos, com hordas de mortos-vivos perseguindo os sobreviventes, mordidas fatais e cenários apocalípticos. A cultura popular, impulsionada na maioria por filmes e séries, condicionou-nos a associar zumbis quase exclusivamente a esses elementos. Mas será que todo livro sobre zumbis precisa realmente ser de suspense e terror?
Essa é o questionamento que desenvolveremos no texto de hoje. Se você quer conhecer mais sobre livros de zumbis e entender se todos precisam, ou não, ser de terror e suspense, me acompanhe. Boa leitura!
Para responder a essa pergunta, comecemos examinando as origens do mito zumbi. Os zumbis têm raízes nas tradições e crenças vodu do Haiti e da África Ocidental. A palavra zumbi, inclusive, tem suas raízes ancestrais, no Kongo "nzambi", que significa "espírito de um morto".
Originalmente, a figura do zumbi não estava associada ao apocalipse, mas sim a uma pessoa que havia sido reanimada e estava sob o controle de um feiticeiro. Essa concepção original é muito diferente da representação hollywoodiana do zumbi como um devorador de carne. Personificar o zumbi como ser bestial retrata muito bem de como a colonização americana enxergava outras culturas, sempre as colocando como inferiores e ruins.
Leia mais sobre a origem dos zumbis na cultura pop lendo o texto: Zumbis: da espiritualidade Vodu à iconografia da cultura pop
Como acontece com muitos mitos e lendas, a figura do zumbi evoluiu ao longo do tempo sendo adaptada por diferentes culturas e mídias. No mundo literário, a figura do zumbi é usada para explorar diversas temáticas, desde críticas sociais, como em "A Noite dos Mortos-Vivos" de George A. Romero, até questões existenciais sobre o que significa ser humano.
Isso nos leva a perceber que, embora muitos livros sobre zumbis se enquadrem nos gêneros de suspense e terror, a figura do zumbi é versátil o suficiente para ser adaptada a outros gêneros.
O tema zumbi já foi explorado à exaustão na literatura, nos quadrinhos, no cinema e até na música. Por mais que geralmente associamos os zumbis ao caos, terror e outras temáticas assustadoras, é possível explorar o tema na comédia, no romance e outras categorias, Veja mais:
Um dos gêneros que mais brincou com a figura do zumbi fora do terror é a
comédia. Filmes como "Zumbilândia" e "Todo mundo quase morto" são exemplos de como a ideia de um
apocalipse zumbi pode ser usada para criar situações hilárias. No entanto, é na literatura que os autores têm a liberdade de explorar ainda mais essas situações, criando personagens zumbis carismáticos e situações que vão desde encontros amorosos desastrosos até zumbis tentando se integrar na sociedade moderna.
A ficção científica tem a capacidade única de explorar "E se?". E se os zumbis fossem o resultado de uma evolução ou modificação genética? E se eles fossem criados como uma forma de trabalho barato, questionando a ética da reanimação? Histórias como estas podem abordar temas profundos como a natureza da consciência, direitos humanos (ou zumbis) e os limites éticos da ciência.
Por mais que toda história de zumbis seja, de fato, uma ficção científica, algumas histórias exploram mais a ciência que o terror, desvinculando da violência visceral geralmente empregada.
O romance também não está imune ao charme dos mortos-vivos. O filme "Meu Namorado é um Zumbi" joga com a ideia de um zumbi se apaixonando por uma humana. Mas os livros podem ir além, explorando os desafios e complicações de tal relacionamento. Como você mantém uma relação com alguém que não tem pulso?
Como superar os preconceitos sociais e os medos inerentes?
O drama pode explorar o lado trágico dos zumbis, focando na humanidade perdida, nas memórias esquecidas e na luta constante para manter algum vestígio de identidade. Imaginem famílias tentando manter laços afetivos com entes queridos transformados ou zumbis conscientes, lutando contra seus instintos mais básicos.
A literatura infantil é outra área onde os zumbis podem ser reinventados. Histórias de amizade, aceitação e compreensão podem ser contadas, onde as crianças aprendem que o diferente não é necessariamente assustador. Zumbis podem ser retratados como personagens simpáticos, talvez um pouco desajeitados, que ensinam valores como a aceitação e a importância de não julgar pela aparência.
Os zumbis, quando despojados de sua natureza aterradora, oferecem uma rica paleta para escritores e criadores. Seu estado único entre a vida e a morte, a humanidade e a monstruosidade, pode ser usado para explorar uma variedade de temas e emoções. Ao olhar além do terror, encontramos oportunidades de criar histórias envolventes, emocionantes e, às vezes, hilárias, que podem tocar o coração tanto quanto assustar.
E você, o que achou das novas formas possíveis de explorar histórias de zumbis? Utilize o campo dos comentários e até o próximo texto.
"Magro, gordo; preto, branco; alto, baixo. Não importa quem você era, eles o iriam querer do mesmo jeito".
Terraço está disponível em formato digital e você pode comprá-lo aqui, R$ 0,00 (para assinantes Kindle Unlimited) / R$ 7,90 (para comprar) (os valores podem alterar sem aviso prévio). É uma publicação independente do autor Juliano Loureiro.
Acesse o site oficial do autor para conhecer sua bibliografia. Lá, você encontrará mais distopia, em Lucas: a Esperança do Último, tem também ficção e controle do tempo, com a obra Antônio e o Tempo. Mas você também pode relaxar com algumas reflexões em Frases minhas sobre um coração em festa.
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Livros da série Corpos Amarelos
O Voo da Mosca (2025)
Olhos Mágicos (2024)
Passagem (2023)
Terraço (2023)
Os Corpos Amarelos são criaturas infectadas que um dia foram saudáveis humanos. Apresentando pele amarelada e ressecada, frequentemente exibindo vísceras e órgãos internos expostos, sua aparência pútrida oculta as inúmeras limitações desses seres, que podem adotar comportamentos variados.
Embora o número exato de variantes dos Corpos Amarelos seja desconhecido, fica claro que eles passaram por diversas mutações. Desde os inativos, lembrando um eterno estado de coma, até os "quase-comuns", seres que exibem certo grau de cognição.
A disseminação da infecção permanece envolta em mistério, seja através da inalação de um pó amarelo ainda não identificado, ou do contato direto entre o corpo pútrido e um ser humano saudável.
Numa manhã de sábado, uma densa névoa de poeira varreu os céus de Belo Horizonte, trazendo consigo um agente microscópico que selaria o destino da humanidade.
Em questão de instantes, milhares de pessoas foram infectadas, dando início a uma batalha desesperada pela sobrevivência contra os poucos que ainda não haviam sido afetados.
Tudo se desenrolou num piscar de olhos. Um dia ensolarado, acompanhado por uma brisa fresca no inverno da cidade, parecia perfeitamente comum. Mas o que se seguiu transformou essa tranquilidade em um pesadelo sem precedentes.
Cadáveres jaziam espalhados pelas ruas, enquanto os sobreviventes corriam em desespero em todas as direções. Hospitais sobrecarregados lutavam para lidar com a crise, supermercados eram saqueados e atos horrendos eram perpetrados em plena luz do dia.
O mistério pairava no ar, sem que ninguém soubesse a verdade. Teorias brotavam, alimentadas pela imaginação dos radialistas. Em questão de horas, serviços essenciais, como energia e comunicação, começaram a demonstrar sinais de instabilidade.
Pouco a pouco, os corpos amarelos passaram a dominar a cidade, enquanto os poucos sobreviventes humanos lutavam para decifrar a situação terrível que se desenrolava e buscavam desesperadamente uma saída.
"O Voo da Mosca" está disponível para e-book (Amazon Kindle) e também na versão impressa (Clube de Autores). Clique no botão abaixo correspondente à versão desejada.
Gabriel Caetano
"É sempre legal ver obras que quebram a mesmice e provam que podem sair da fórmula padrão. E é isso que esse conto me mostrou, pois em vez de focar só no apocalipse e nos zumbis, se aprofunda mais na psiquê humana e sobre o estado psicológico do protagonista enquanto enfrenta o caos, coisa que não acontece nas grandes mídias, onde os protagonistas geralmente aceitam a nova realidade em questão de poucos dias".
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Aelita Lear
"O que resta da humanidade? Com esse questionamento, somos colocados em um universo distópico rodeado por corpos amarelos e poucos humanos que lutam pela sobrevivência. Neste livro, somos levados e quase que obrigados a sentir as mesmas emoções do personagem principal, que luta contra zumbis amarelos de diferentes contaminações até chegar no Terraço, numa jornada eletrizante e viciante. Terraço é aquele tipo de livro que podemos ler de uma vez só, de tão envolvente e viciante, principalmente quando terminam os capítulos"
Avaliação publicada no Skoob
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